sexta-feira, 10 de maio de 2013

Manual de Paixão Solitária - Moacyr Scliar

Manual de Paixão Solitária - Moacyr Scliar

Falando sério, gostei muito re ler este livro e recomendo ele, é um livro muito engraçado, alem de que pode cair em algum vestibular!
Por isso resolvi postar o trabalho que fiz na época em que li.
Mas ei! Nada de copiar daqui e entregar pra professora, pegue a bibliografia e vá pesquisar!


LITERATURA
Manual de Paixão Solitária – Moacyr Scliar

INTRODUÇÃO
Neste trabalho estaremos estudando o livro Manual de Paixão Solitária, escrito por Moacyr Scliar em 2008. Esta obra faz parte da literatura contemporânea, época literária atual.
Após a leitura do livro Manual de Paixão Solitária, foi feita uma pesquisa sobre Moacyr Scliar e um breve estudo sobre a literatura contemporânea. A internet e os livros foram muito usados neste trabalho. O livro apresenta uma leitura interativa que prende o leitor, apresenta algumas gírias, a linguagem é de fácil entendimento e o autor divaga bastante sobre vários aspectos ligados há história principal da obra.
Como exemplo disso temos no inicio da obra a história breve de José, que interpretava sonhos, então o autor divaga sobre os sonhos, a realização e a possibilidade destes sonhos.
O objetivo deste trabalho é a apresentação do estudo da obra, do conhecimento sobre o autor e da analise da época literária contextualizada com elementos da obra que é material deste estudo.

  

MANUAL DE PAIXÃO SOLITÁRIA
MOACYR SCLIAR
A obra vencedora do primeiro lugar do Premio Jabuti de Literatura de 2009 na categoria romance é inspirada em uma passagem do livro Genesis da Bíblia, a história principal da obra está no capitulo 38 do livro sagrado, que conta sobre o velho Judá leão e raposa, seus três filhos, Er, Onan e Shelá e sobre a bela e jovem Tamar.
Tudo começa em um congresso anual da Sociedade de Cultura e Estudos Bíblicos, aonde um estudioso da Bíblia, Haroldo, ocupa os manuscritos de Shelá, encontrados recentemente em uma caverna em Israel, para produzir um monologo, ele conta tudo como se fosse o próprio Shelá, e também temos a história contada pelo ponto de vista de Tamar, quando uma antiga aluna de faculdade do professor Haroldo, Diana, aparece no congresso.
A história central se passa a partir do momento em que o velho Judá quer uma esposa para o seu filho mais velho, Er, e depois de muitas negociações Judá encontra Tamar, filha de um sacerdote. Er e Tamar se casam porem Er não queria Tamar, na verdade Er não gostava de mulheres, ele era homossexual, então Er se suicida antes de dar um filho a Tamar.
Segundo a tradição, se o filho mais velho morrer sem dar um filho a sua esposa caberia ao cunhado desta fazê-lo, então Judá casou Tamar com Onan, seu segundo filho. Onan gostava de Tamar, mas não queria dar um filho a ela, pois este filho seria considerado como se fosse o filho de Er, e não o filho dele. Onan então cumpria suas obrigações como marido, mas cuidava para que a mulher não engravidasse. Onan adoeceu, diziam que era o castigo de Deus por ele não querer dar um filho a mulher, Onan morreu.
Tamar, muito triste e exigindo por seus direitos queria Shelá, e Shelá queria Tamar, mas isso não dependia deles, sim do velho Judá leão e raposa, Judá ficou com medo, não queria perder seu filho caçula, dizia que era Tamar quem trazia a morte aos homens, então disse a ela que esperasse, pois Shelá era muito novo ainda... Muito tempo se passou e Judá não queria permitir o casamento de Shelá e Tamar, ela havia se mudado com a família para uma cidade próxima.
No dia em que Shelá resolveu ir ao encontro de Tamar, ele teve que voltar, pois acabara de receber a triste noticia da morte de sua mãe. Judá, já sem Er e sem Onan havia perdido a esposa, ele só tinha Shelá. Judá estava muito triste então Shelá ficou com o pai para cuidar dele.
Enquanto isso Tamar esperava, já sem esperanças... Ela apenas queria o filho a qual tinha direito.
Judá ainda abatido, foi convidado a um festival de tosquia de ovelhas em um cidade próxima, Shelá achou melhor que ele fosse, para se animar um pouco, Tamar ficou sabendo desta viagem... O velho Judá foi com um grupo a Tamna, cidade aonde iriam tosquiar as ovelhas, pararam no caminho, em Enain para descansar, e em um templo pagão estava lá Tamar com o rosto coberto, ela já havia planejado tudo. Judá não a reconheceu acreditou se tratar de uma prostituta, se aproximou dela e pediu por seus serviços, dizendo que lhe daria em troca um cabrito de seu rebanho, não tinha o cabrito ali, mas assim que voltasse para sua casa mandaria um mensageiro trazer o pagamento a moça.
Tamar via tudo ir de encontro aos seus planos, ela pediu uma garantia, o velho Judá leão e raposa se sentiu um pouco ofendido porem concedeu a garantia a moça, ela pediu o anel, o cordão e o bastão, símbolos de honra de um patriarca, ele, contrariado, deu os bens a ela, pois pensou que quando trouxessem o cabrito ele teria suas coisas de volta. Entraram em uma tenda, Tamar não tirou o véu, apenas o puxou um pouco para cima, e Judá não a reconheceu. Após o ato ele saiu da tenda sem seus bens de honra patriarcal e ela voltou a colocar suas vestes de viúva.
O mensageiro nunca achou a prostituta para lhe pagar e Judá viu que teria perdido seu anel, seu cordão e seu bastão.
Após alguns meses Tamar viu que seu plano havia dado certo, estava grávida e era isso que ela queria. Falou aos seus pais mas não revelou quem era o pai.
Quando a noticia chegou aos ouvidos de Judá ele, julgando esta uma traição a sua família, pois mesmo que ele não tivesse deixado o casamento entre Shelá e Tamar acontecer, Tamar ainda estava sob a jurisdição de Judá. Judá mandou dois homens para buscarem Tamar e levarem-na até ele para matá-la. Shelá tentou salvá-la, mas ela não deixou... Quando iriam matar Tamar ela revelou quem era o pai de seu filho, mostrando o cordão o anel e o bastão de Judá. Ele então admitiu o erro e disse que cuidaria dela como era seu dever.
Porem Shelá se sentiu traído e não queria mais Tamar, por orgulho. Judá cuidou dos gêmeos que nasceram dando teto, comida e o que elas precisavam, mas não se mostrava presente nem disposto a dar amor para as crianças. Shelá gostava dos meninos e cuidava deles. O velho Judá leão e raposa morreu, Shelá nunca se casou, nunca teve filhos.
Shelá e Tamar ainda se amavam, mas se assim era para ser, Shelá em sua caverna e Tamar em outra caverna ficariam, ambos sozinhos. Um amando o outro em silêncio.

Esta grande e incrível obra é o escritor gaúcho Moacyr Jaime Scliar, que nasceu em uma comunidade judaica de Porto Alegre em 23 de março de 1937, se formou em medicina em 1962 e seu primeiro livro foi lançado no mesmo ano “Histórias de um Médico em Formação”, hoje são mais de 67 livros, entre romances, contos e crônicas que foram publicados em vários países do mundo. Em 31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto, para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31. O escritor faleceu no dia 27 de fevereiro de 2011, com 74 anos de idade, em Porto Alegre (RS), vítima de falência múltipla de órgãos. 
Com muita astucia Moacyr Scliar conseguiu fazer de um trecho da bíblia uma história com um enredo que aprisiona o leitor e surpreende pelo modo como ela é contada, primeiro mostrando Tamar como a vilã, e após como a mocinha e também ligando a história de tempos longínquos aos dias de hoje, também dá uma sensação de “deja vu” quando em certas ocasiões repete partes da narrativa, quando divaga sobre as partículas, ou quando conta sobre os bonequinhos de barro de Shelá. Sucessivas repetições de fragmentos textuais demonstram o ludismo na obra. Outro diferencial desta obra é o texto escrito em primeira pessoa, o uso do pronome “eu” está constantemente presente.

“[...] Vamos adoecer, vamos morrer, e as partículas não nos preservarão, partículas não pensam, não almejam, não tentam antecipar o futuro. Partículas não anseiam por se reunir, partículas não anseiam por reconstruir o ser humano de que um dia foram parte. Partículas não atendem por um nome, partículas não tem sonhos nem desejos, partículas não escrevem em pergaminhos. [...] Uma partícula faria parte de uma pedra, outra estaria na casca de uma fruta, outra na córnea de um leão, no pelo de uma raposa, no osso de um ser humano. [...]”

Neste livro Moacyr Scliar segue a mesma linha pensante de A mulher que escreveu a Bíblia”. Livro que conta a história de uma mulher que ajudada por um ex-historiador que se converteu em "terapeuta de vidas passadas” descobre que no século X antes de Cristo foi uma das setecentas esposas do rei Salomão - a mais feia de todas, mas a única capaz de ler e escrever. Encantado com essa habilidade inusitada, o soberano a encarrega de escrever a história da humanidade - e, em particular, a do povo judeu.
Esta obra faz parte do período contemporâneo da literatura, período atual. O que se mostra na obra devido à irreverência e a despreocupação da formalidade que o autor usa para escrever. O contemporâneo está ligado ao regionalismo, intimismo, urbanismo, a introspecção psicológica, concretismo, a poesia, os romances, contos fantásticos e alegóricos. 
As principais características do contemporâneo são o ludismo, a intertextualidade e a fragmentação textual. O ludismo e a fragmentação textual se mostram presentes na obra “Manual de Paixão Solitária”.
No contemporâneo temos também a poesia, com as seguintes características: sonoridade das palavras, recursos gráficos, aproveitamento visual da página em branco, recortes, montagens e colagens. As principais vanguardas poéticas prendem-se aos grupos: Concretismo, Poema-Processo, Poesia-Social, Tropicalismo; Poesia-Social e Poesia-Marginal. Os principais nomes da poesia contemporânea são:
João Cabral, Mário Quintana, Drummond.
A literatura contemporânea nasceu na metade do século XX com o progresso, a modernidade, a globalização, o avanço das mudanças e a tecnologia. Em busca da expressão livre e diferenciada e traz a realidade ilógica e a literatura como tema dela mesma. A narrativa de um sonho, do sub consciente, expressar pontos de vista, alterar a ordem cronológica da narração...

“[...] O pergaminho não era um sonho, tinha existência concreta. Mesmo que a mensagem nele escrita não encontrasse destinário, poderia, dito pergaminho, representar uma via de escape para o tormento em mim representado. Escrever era trabalhar minha ansiedade, transformá-la, da mesma maneira como eu transformava o barro bruto, informe, em delicadas figurinhas, camelinhos, jumentinhos, ovelhinhas, cabritinhos, demoninhos (uns com chifre e rabo, outros, com cara de bode). [...]”

Na literatura gaúcha contemporânea podemos destacar Carlos Nejar (1939-), Armindo Trevisan (1933-) e Lara de Lemos (1925-2010), Josué Guimarães (1921-1986), Luís Fernando Veríssimo (1936-), Moacyr Scliar (1937-2011), Lya Luft (1938-), José Clemente Pozenato (1938-), Tabajara Ruas (1942-), Luiz Antonio de Assis Brasil (1945-), João Gilberto Noll (1946-), Caio Fernando Abreu (1948-1996), Charles Kiefer (1958-), entre muitos outros.

  

CONCLUSÃO

Após um estudo detalhado sobre obra e autor, leitura e analise, podemos fazer conexões importantes com o objeto de estudo e com a literatura contemporânea. Por exemplo o ludismo, marcado pelas várias partes de “replay” quando o autor repete frases e citações inteiras ou em partes. Também vimos a escrita contemporânea presente pelo fato do livro estudado ser escrito em sua grande maioria em primeira pessoa.
Também foi dado muito destaque à literatura contemporânea gaúcha, como o nosso escritor de estudo era do Rio Grande do Sul. Também estudamos superficialmente a poesia contemporânea e a obra “A Mulher que Escreveu a Bíblia”, outra obra de Moacyr Scliar que havia sido escrita mais ou menos no mesmo contexto do livro estudado, com elementos bíblicos misturados nos dias de hoje.
Para auxilio no trabalho a Bíblia foi muito usada, porem entre a obra e o livro sagrado vemos uma leve contradição, na Bíblia está dito que os símbolos patriarcais seriam o anel, o cordão e o bastão, já no livro Manual de Paixão Solitária os símbolos patriarcais são um sinete, um cordão e um cajado (bastão).
Com este trabalho pudemos aprender um pouco mais sobre a literatura contemporânea, sobre o escritor Moacyr Scliar, além de conhecer um livro realmente bom.

  
 BIBLIOGRAFIA

SCLIAR, Moacyr – Manual de Paixão Solitária: Companhia das Letras – 2008. Literatura brasileira

Minidicionário Ruth Rocha – São Paulo: Scipione – 2001.

SARNAMENTO, Leila Lauar. Gramática em textos -1ª edição. São Paulo: Moderna – 2000

Bíblia Sagrada, Edição Pastoral.  – 1990 – 1991.

MAGALHÃES, Thereza Cochar, CEREJA, William Roberto – Português Linguagens 3. São Paulo: Saraiva - 2010




















Nenhum comentário:

Postar um comentário