Falando sério, gostei muito re ler este livro e recomendo ele, é um livro muito engraçado, alem de que pode cair em algum vestibular!
Por isso resolvi postar o trabalho que fiz na época em que li.
Mas ei! Nada de copiar daqui e entregar pra professora, pegue a bibliografia e vá pesquisar!
LITERATURA
Manual
de Paixão Solitária – Moacyr Scliar
INTRODUÇÃO
Neste trabalho
estaremos estudando o livro Manual de Paixão Solitária, escrito por Moacyr
Scliar em 2008. Esta obra faz parte da literatura contemporânea, época
literária atual.
Após a leitura
do livro Manual de Paixão Solitária, foi feita uma pesquisa sobre Moacyr Scliar
e um breve estudo sobre a literatura contemporânea. A internet e os livros
foram muito usados neste trabalho. O livro apresenta uma leitura interativa que
prende o leitor, apresenta algumas gírias, a linguagem é de fácil entendimento
e o autor divaga bastante sobre vários aspectos ligados há história principal
da obra.
Como exemplo
disso temos no inicio da obra a história breve de José, que interpretava
sonhos, então o autor divaga sobre os sonhos, a realização e a possibilidade
destes sonhos.
O objetivo deste
trabalho é a apresentação do estudo da obra, do conhecimento sobre o autor e da
analise da época literária contextualizada com elementos da obra que é material
deste estudo.
MANUAL DE PAIXÃO
SOLITÁRIA
MOACYR SCLIAR
A obra vencedora
do primeiro lugar do Premio Jabuti de Literatura de 2009 na categoria romance é
inspirada em uma passagem do livro Genesis da Bíblia, a história principal da
obra está no capitulo 38 do livro sagrado, que conta sobre o velho Judá leão e raposa,
seus três filhos, Er, Onan e Shelá e sobre a bela e jovem Tamar.
Tudo começa em
um congresso anual da Sociedade de Cultura e Estudos Bíblicos, aonde um
estudioso da Bíblia, Haroldo, ocupa os manuscritos de Shelá, encontrados
recentemente em uma caverna em Israel, para produzir um monologo, ele conta
tudo como se fosse o próprio Shelá, e também temos a história contada pelo
ponto de vista de Tamar, quando uma antiga aluna de faculdade do professor
Haroldo, Diana, aparece no congresso.
A história central
se passa a partir do momento em que o velho Judá quer uma esposa para o seu
filho mais velho, Er, e depois de muitas negociações Judá encontra Tamar, filha
de um sacerdote. Er e Tamar se casam porem Er não queria Tamar, na verdade Er
não gostava de mulheres, ele era homossexual, então Er se suicida antes de dar
um filho a Tamar.
Segundo a
tradição, se o filho mais velho morrer sem dar um filho a sua esposa caberia ao
cunhado desta fazê-lo, então Judá casou Tamar com Onan, seu segundo filho. Onan
gostava de Tamar, mas não queria dar um filho a ela, pois este filho seria
considerado como se fosse o filho de Er, e não o filho dele. Onan então cumpria
suas obrigações como marido, mas cuidava para que a mulher não engravidasse.
Onan adoeceu, diziam que era o castigo de Deus por ele não querer dar um filho
a mulher, Onan morreu.
Tamar, muito
triste e exigindo por seus direitos queria Shelá, e Shelá queria Tamar, mas
isso não dependia deles, sim do velho Judá leão e raposa, Judá ficou com medo,
não queria perder seu filho caçula, dizia que era Tamar quem trazia a morte aos
homens, então disse a ela que esperasse, pois Shelá era muito novo ainda...
Muito tempo se passou e Judá não queria permitir o casamento de Shelá e Tamar,
ela havia se mudado com a família para uma cidade próxima.
No dia em que
Shelá resolveu ir ao encontro de Tamar, ele teve que voltar, pois acabara de
receber a triste noticia da morte de sua mãe. Judá, já sem Er e sem Onan havia
perdido a esposa, ele só tinha Shelá. Judá estava muito triste então Shelá
ficou com o pai para cuidar dele.
Enquanto isso
Tamar esperava, já sem esperanças... Ela apenas queria o filho a qual tinha
direito.
Judá ainda
abatido, foi convidado a um festival de tosquia de ovelhas em um cidade
próxima, Shelá achou melhor que ele fosse, para se animar um pouco, Tamar ficou
sabendo desta viagem... O velho Judá foi com um grupo a Tamna, cidade aonde
iriam tosquiar as ovelhas, pararam no caminho, em Enain para descansar, e em um
templo pagão estava lá Tamar com o rosto coberto, ela já havia planejado tudo.
Judá não a reconheceu acreditou se tratar de uma prostituta, se aproximou dela
e pediu por seus serviços, dizendo que lhe daria em troca um cabrito de seu
rebanho, não tinha o cabrito ali, mas assim que voltasse para sua casa mandaria
um mensageiro trazer o pagamento a moça.
Tamar via tudo
ir de encontro aos seus planos, ela pediu uma garantia, o velho Judá leão e
raposa se sentiu um pouco ofendido porem concedeu a garantia a moça, ela pediu
o anel, o cordão e o bastão, símbolos de honra de um patriarca, ele,
contrariado, deu os bens a ela, pois pensou que quando trouxessem o cabrito ele
teria suas coisas de volta. Entraram em uma tenda, Tamar não tirou o véu,
apenas o puxou um pouco para cima, e Judá não a reconheceu. Após o ato ele saiu
da tenda sem seus bens de honra patriarcal e ela voltou a colocar suas vestes
de viúva.
O mensageiro
nunca achou a prostituta para lhe pagar e Judá viu que teria perdido seu anel,
seu cordão e seu bastão.
Após alguns
meses Tamar viu que seu plano havia dado certo, estava grávida e era isso que
ela queria. Falou aos seus pais mas não revelou quem era o pai.
Quando a noticia
chegou aos ouvidos de Judá ele, julgando esta uma traição a sua família, pois
mesmo que ele não tivesse deixado o casamento entre Shelá e Tamar acontecer,
Tamar ainda estava sob a jurisdição de Judá. Judá mandou dois homens para buscarem
Tamar e levarem-na até ele para matá-la. Shelá tentou salvá-la, mas ela não
deixou... Quando iriam matar Tamar ela revelou quem era o pai de seu filho,
mostrando o cordão o anel e o bastão de Judá. Ele então admitiu o erro e disse
que cuidaria dela como era seu dever.
Porem Shelá se
sentiu traído e não queria mais Tamar, por orgulho. Judá cuidou dos gêmeos que
nasceram dando teto, comida e o que elas precisavam, mas não se mostrava
presente nem disposto a dar amor para as crianças. Shelá gostava dos meninos e
cuidava deles. O velho Judá leão e raposa morreu, Shelá nunca se casou, nunca
teve filhos.
Shelá e Tamar
ainda se amavam, mas se assim era para ser, Shelá em sua caverna e Tamar em
outra caverna ficariam, ambos sozinhos. Um amando o outro em silêncio.
Esta grande e
incrível obra é o escritor gaúcho Moacyr Jaime Scliar, que nasceu em uma
comunidade judaica de Porto Alegre em 23 de março de 1937, se formou em
medicina em 1962 e seu primeiro livro foi lançado no mesmo ano “Histórias de um
Médico em Formação”, hoje são mais de 67 livros, entre romances, contos e
crônicas que foram publicados em vários países do mundo. Em
31 de julho de 2003 foi eleito, por 35 dos 36 acadêmicos com direito a voto,
para a Academia Brasileira de Letras, na cadeira nº 31. O escritor faleceu no
dia 27 de fevereiro de 2011, com 74 anos de idade, em Porto Alegre (RS), vítima
de falência múltipla de órgãos.
Com
muita astucia Moacyr Scliar conseguiu fazer de um trecho da bíblia uma história
com um enredo que aprisiona o leitor e surpreende pelo modo como ela é contada,
primeiro mostrando Tamar como a vilã, e após como a mocinha e também ligando a
história de tempos longínquos aos dias de hoje, também dá uma sensação de “deja
vu” quando em certas ocasiões repete partes da narrativa, quando divaga sobre
as partículas, ou quando conta sobre os bonequinhos de barro de Shelá.
Sucessivas repetições de fragmentos textuais demonstram o ludismo na obra.
Outro diferencial desta obra é o texto escrito em primeira pessoa, o uso do
pronome “eu” está constantemente presente.
“[...] Vamos adoecer, vamos
morrer, e as partículas não nos preservarão, partículas não pensam, não
almejam, não tentam antecipar o futuro. Partículas não anseiam por se reunir,
partículas não anseiam por reconstruir o ser humano de que um dia foram parte.
Partículas não atendem por um nome, partículas não tem sonhos nem desejos,
partículas não escrevem em pergaminhos. [...] Uma partícula faria parte de uma
pedra, outra estaria na casca de uma fruta, outra na córnea de um leão, no pelo
de uma raposa, no osso de um ser humano. [...]”
Neste
livro Moacyr Scliar segue a mesma linha pensante de “A mulher que escreveu a Bíblia”. Livro que
conta a história de uma mulher que ajudada por um ex-historiador que se
converteu em "terapeuta de vidas passadas” descobre que no século X antes
de Cristo foi uma das setecentas esposas do rei Salomão - a mais feia de todas,
mas a única capaz de ler e escrever. Encantado com essa habilidade inusitada, o
soberano a encarrega de escrever a história da humanidade - e, em particular, a
do povo judeu.
Esta
obra faz parte do período contemporâneo da literatura, período atual. O que se
mostra na obra devido à irreverência e a despreocupação da formalidade que o
autor usa para escrever. O contemporâneo está ligado ao regionalismo, intimismo,
urbanismo, a introspecção psicológica, concretismo, a poesia, os romances,
contos fantásticos e alegóricos.
As principais características do
contemporâneo são o ludismo, a intertextualidade e a fragmentação textual. O
ludismo e a fragmentação textual se mostram presentes na obra “Manual de Paixão
Solitária”.
No contemporâneo temos também a
poesia, com as seguintes características: sonoridade das palavras, recursos
gráficos, aproveitamento visual da página em branco, recortes, montagens e
colagens. As principais vanguardas poéticas prendem-se aos grupos: Concretismo,
Poema-Processo, Poesia-Social, Tropicalismo; Poesia-Social e Poesia-Marginal. Os principais
nomes da poesia contemporânea são:
João Cabral,
Mário Quintana, Drummond.
A literatura contemporânea nasceu na metade do século XX com o
progresso, a modernidade, a globalização, o avanço das mudanças e a tecnologia.
Em busca da expressão livre e diferenciada e traz a realidade ilógica e a
literatura como tema dela mesma. A narrativa de um sonho, do sub consciente,
expressar pontos de vista, alterar a ordem cronológica da narração...
“[...] O
pergaminho não era um sonho, tinha existência concreta. Mesmo que a mensagem
nele escrita não encontrasse destinário, poderia, dito pergaminho, representar
uma via de escape para o tormento em mim representado. Escrever era trabalhar
minha ansiedade, transformá-la, da mesma maneira como eu transformava o barro
bruto, informe, em delicadas figurinhas, camelinhos, jumentinhos, ovelhinhas,
cabritinhos, demoninhos (uns com chifre e rabo, outros, com cara de bode).
[...]”
Na literatura gaúcha contemporânea podemos destacar Carlos Nejar (1939-), Armindo Trevisan (1933-) e Lara de Lemos (1925-2010), Josué
Guimarães (1921-1986), Luís
Fernando Veríssimo (1936-), Moacyr Scliar (1937-2011), Lya Luft (1938-), José
Clemente Pozenato (1938-), Tabajara Ruas (1942-), Luiz Antonio de Assis Brasil (1945-), João
Gilberto Noll (1946-), Caio
Fernando Abreu (1948-1996), Charles Kiefer (1958-), entre
muitos outros.
CONCLUSÃO
Após um estudo detalhado sobre obra e autor, leitura e analise, podemos
fazer conexões importantes com o objeto de estudo e com a literatura
contemporânea. Por exemplo o ludismo, marcado pelas várias partes de “replay” quando
o autor repete frases e citações inteiras ou em partes. Também vimos a escrita
contemporânea presente pelo fato do livro estudado ser escrito em sua grande
maioria em primeira pessoa.
Também foi dado muito destaque à literatura contemporânea gaúcha, como o
nosso escritor de estudo era do Rio Grande do Sul. Também estudamos
superficialmente a poesia contemporânea e a obra “A Mulher que Escreveu a
Bíblia”, outra obra de Moacyr Scliar que havia sido escrita mais ou menos no
mesmo contexto do livro estudado, com elementos bíblicos misturados nos dias de
hoje.
Para auxilio no trabalho a Bíblia foi muito usada, porem entre a obra e
o livro sagrado vemos uma leve contradição, na Bíblia está dito que os símbolos
patriarcais seriam o anel, o cordão e o bastão, já no livro Manual de Paixão
Solitária os símbolos patriarcais são um sinete, um cordão e um cajado
(bastão).
Com este
trabalho pudemos aprender um pouco mais sobre a literatura contemporânea, sobre
o escritor Moacyr Scliar, além de conhecer um livro realmente bom.
BIBLIOGRAFIA
SCLIAR,
Moacyr – Manual de Paixão Solitária: Companhia das Letras – 2008. Literatura
brasileira
Minidicionário
Ruth Rocha – São Paulo: Scipione – 2001.
SARNAMENTO,
Leila Lauar. Gramática em textos -1ª edição. São Paulo: Moderna – 2000
Bíblia
Sagrada, Edição Pastoral. – 1990 – 1991.
MAGALHÃES,
Thereza Cochar, CEREJA, William Roberto – Português Linguagens 3. São Paulo:
Saraiva - 2010
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