segunda-feira, 25 de maio de 2015

Fragmentos de algum autor desconhecido...

História de uma alma
"Precisava de ter alguém a quem escrever, sem precisar de ter medo..
Caminhava naquela rua bem iluminada por luzes laranjas, quando de repente te vi, ali estavas tu a olhar para o vazio que te rodeava, e sem me aperceber, perdi-me.
Tinha vinte anos naquela altura, e estava longe de imaginar, o que a vida me poderia fazer ver.
Acordei sem perceber onde estava, onde estavam, todos os que me rodeavam. Sozinho no escuro não consegui gritar. Lembro-mo do som do meu coração, que correu, correu desenfreado ao se aperceber do desamparo.
Quando vi a tua mão no escuro, senti muito medo, quando partiste, tive medo de voltar a estar sozinho. Ainda nem sabia quem eras mas, a tua presença despertou em mim uma sensação inigualável, um despertar nunca antes sentido..
Talvez seja culpa tua, a minha presença aqui…
 Chovia naquela noite, a cabana era velha e talvez um pouco empoeirada, alem de ser pobre, fazia-me feliz o seu aconchego.
Sentei-me a olhar a chama que se consumia na lareira, as madeiras velhas que sustentavam o meu refugio, mostravam-se firmes perante o abalo oferecido pelas fortes rajadas de vento que se faziam sentir lá fora.
Olhei pela janela em busca de algum ser, sem sucesso. Os animais estariam provavelmente nos seus abrigos, protegidos da espessa camada de neve que cobria o chão. O bosque escuro, deixava apenas transparecer o vislumbre ténue, do luar que brilhava na superfície do lago, escondido pela densa vegetação.
Era noite cerrada quando decidi sair. Senti um arrepio ao fechar a velha porta de madeira, sentindo o forte bafo gelado do vento roçando em mim. Um grosso e velho casaco, e um pau que me apoiava, foi tudo o que me guiou até a escuridão do bosque.
Por mais estranho que se parece-se, o vento parou de repente sem aviso, nada se ouvia, nem um insecto ou pássaro nocturno.
Parei para escutar o silêncio, a minha perna latejava sem parar, o que me obrigou a parar uns metros a frente sentando-me numa pedra quase que esculpida num enorme carvalho, o luar a cima de mim continuava cheio de luz, apenas interrompido por nuvens passageiras.
Como quase sempre, estava sozinho sem ninguém por perto com quem falar. Decidi continuar a caminhada nocturna, levantando-me, dirigi-me até o lago como muitas vezes antes o fizera.
“Algo em mim estava diferente naquela noite.
Ajoelhei-me perante as águas silenciosas e olhei para o lago onde me vi reflectido na superfície do mesmo, de uma forma como antes nunca me tinha visto, procurei em mim o ser que um dia fora, procurei, no meu olhar escuro e encovado, mas o que vi foi… um olhar que não era meu, dentro de mim, parado, a olhar-me.
Por segundos pensei estar a imaginar, o que via era algo tão absurdo, que só poderia ser fruto da minha mente consumida pela solidão…
A muito que deixara de gostar das pessoas como pensara um dia poder gostar, e por isso me tinha entregue a reclusão.
Desviei o olhar por um segundo, quando voltei a olhar, consegui ver de novo aquele olhar frio e sinistro…
Erguendo o rosto para o luar, detive-me com o que via na outra margem do lago… alguém, envolto na escuridão como que num escuro manto, olhava-me com o mesmo olhar, que acabara de ver no meu reflexo, um olhar distante e frio.
Não vi o seu rosto, mas sem dúvida que era o seu olhar que acabara de ver, dentro de mim, a olhar-me…
O meu coração bateu descompassado no momento em que percebi quem era Aquele Estranho. Pensei em correr, mas por alguma razão não o consegui, nem tão pouco consegui desfitar o seu olhar…
Senti-O a minha volta, como que, uma força invisível…foi aí quando me senti pequeno e impotente… eu era apenas o meu coração que galopava incessantemente, querendo fazer sentir-se, num último e derradeiro momento, um último impulso…
Naqueles poucos segundos, lembrei-me de tudo aquilo que vivera até então, dos amigos que tivera, os seres que conhecera, os cheiros que sentira, sabores, os sons, as cores..sem perceber o que realmente tinha valido a pena viver…
Depois… senti-me afastar de tudo aquilo que algum dia conhecera. Senti a escuridão envolver-me sem nada conseguir fazer… Dei por mim a ser puxado para o nada, como que arrastado para longe da matéria que me rodeava. Uma luz apareceu na escuridão, parecendo se estar a mover a grande velocidade na minha direcção. A medida que se aproximava, ia-se tornado maior…
Lembro-me de ver o meu corpo no chão, como que visto do céu. Recordo-me de ver a Terra afastar-se de mim como que caindo por debaixo dos meus pés, seguida de todo o Universo, que por sua vez, dera lugar ao vazio, à escuridão e ao silêncio… a Morte.
Antes de adormecer, ouvi algo que nunca esquecerei, por toda a minha viagem: “Uns podem acreditar que Ele sempre existiu, outros podem pensar que isto nunca aconteceu. Só Ele saberá onde estás, só Ele te dirá quem és, até encontrares o teu caminho de volta.”
Cresci num segundo, mais rápido do que levara toda a minha vida crescer…
Existia uma pequena aldeia, que ficava a cerca de vinte quilómetros a Oeste da minha pequena cabana, onde passava os dias a dormir e as noites a olhar as estrelas, minhas confidentes e companheiras.
A Este encontrava-se o mar, deixando a minha imaginação perdida no seu horizonte. A Norte ficava a montanha gelada, a Sul talvez existisse a tão sonhada terra prometida, onde os homens e os animais se olhavam sem medo. Onde compreendiam a vida, e sabiam que nunca haviam pedido para ali estar, naquele chão, que quando nasceram e abriram os olhos ao sol, nada tinham, quando partissem, partiriam sem nada.
Deixei de achar importantes as coisas terrenas que me rodeavam, as banalidades que se sucediam vez após vez, deixei de querer voar pelos pequenos telhados que via de cima, descer, espreita-los e ver as coisas esquisitas e esquecidas que lá se passavam…
Hoje que posso fazê-lo, vejo que os homens talvez não vejam o que eu vi, talvez não mereçam que lhes mostre o sítio onde estão, perdidos…
Se pudesse, pediria para não voltar a acordar aqui, sozinho, talvez pediria para não voltar a acordar, poder permanecer na escuridão e não ter de enfrentar os meus medos: estar sozinho, ter medo de estar acompanhado."



É noite de lua cheia

Aprisionado em um vidro embaçado
Sentimentos vagam sem rumo
Em uma imensa escuridão 3D
É noite de lua cheia
É a única que acolhe com amor
Com sua escuridão na monótona noite
Mesmo assim não é suficiente
Com a escuridão que você traz
Ainda pode esconder muitas respostas
O mundo parece estar pequeno na minha mente
Tudo esta sendo aprisionado
Não consigo dizer seu nome
Todo o tormento e a dor rapidamente estão vagando em volta de nosso espelhos
Nunca poderemos conter
As lagrimas que a felicidade nos reserva


Desculpa pela falta de fontes, realmente não me lembro de aonde vieram estes textos, mas os acho muito bons. Se o autor chegar a ver isso, por favor se manifeste! ^.^ 

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